Edson de Oliveira Nunes

Edson de Oliveira Nunes (1947-    ), nasceu em 13 de novembro de 1947, no município de Bom Jesus do Itabapoana (RJ). Graduado em Ciências Sociais e Direito (UFF), mestre (IUPERJ) e doutor (University of California at Berkeley) em Ciência Política ocupou os cargos de secretário geral adjunto do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e de vice-presidente executivo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) durante a Nova República. Nomeado em 1987 presidente do IBGE pela experiência que acumulou no Rio de Janeiro como técnico especialista em orçamento na área de ciência e tecnologia, teve como missão primeira reconstituir as relações com o meio científico, acadêmico, político e empresarial. O compromisso de despolitizar a Casa despolitizando os índices apresentou-se, também, como prioridade em sua administração. Ao aprofundar a reforma administrativa conferiu ao IBGE a feição de banco de dados oficial da nação, e ao implementar o Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), reafirmou a ideia de que os dados produzidos pela Instituição pertencem a sociedade. Defensor da concepção de manter a unidade do Órgão, acreditava que a contribuição da geodésia e cartografia seria o caminho para o futuro da estatística utilizando estatísticas georrefenciadas. Confiava aumentar e intensificar no IBGE a presença da área de geociências e sua relação com as ciências sociais aplicadas. A crise que se instalou com a greve dos servidores e a recusa em atender às pressões políticas culminou com a sua exoneração em 1988.

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Ficha técnica

Área de Atividade: gestão pública; educação;

Depoimento realizado no contexto do Projeto de História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o processo de formação e evolução do IBGE.

Data: 11/04/2006

Local da gravação: IBGE/ CDDI - Rio de Janeiro (RJ)

Duração: 135 min

Dados biográficos

Nome completo: Edson de Oliveira Nunes

Nascimento: 13/11/1947 - Bom Jesus de Itabapoana (RJ)

Data de entrada no IBGE: 1987

Data de saída ou aposentadoria: 1988 (saída)

Formação ou cargo: graduado em Ciências Sociais e Direito (Universidade Federal Fluminense); mestre em Ciência Política (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPERJ); doutor em Ciência Política (University of California at Berkeley)

Principais atividades: Presidente do IBGE (1987-1988); professor

Assuntos

  • Plano Cruzado;
  • Índices de preços;
  • Edmar Lisboa Bacha;
  • demissões;
  • gestão pública;
  • interferência política;
  • relações institucionais;
  • usuários;
  • reforma administrativa;
  • gestão de recursos humanos;
  • clientelismo;
  • inflação;
  • greve;
  • Associação dos Servidores do IBGE (ASSIBGE);
  • sindicalismo;
  • intervenção federal;
  • governo José Sarney (1985-1990);
  • concurso público;
  • indicadores sociais;
  • informática;
  • estrutura organizacional;
  • bancos de dados;
  • Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI);
  • democratização da informação;
  • Radar na Amazônia (RADAMBRASIL);
  • royalties do petróleo;
  • geociências;
  • estatística georreferenciada;
  • Sistema Estatístico Nacional (SEN);
  • desassonalização;
  • autonomia técnica;
  • gestão orçamentária;
  • modelo de Estado;
  • regime estatutário;
  • governo Fernando Collor de Melo (1990-1992);
  • governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003);
  • governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011);
  • capacitação profissional;
  • partidos políticos;
  • agências reguladoras;
  • terceirização;
  • políticas públicas;
  • planejamento nacional;
  • planejamento econômico;
  • eleições;
  • disseminação de informações;
  • mística ibgeana

Sumário

  • a posição de secretário-geral do Ministério do Planejamento (Secretaria de Planejamento da Presidência da República – SEPLAN) e de vice-presidente executivo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA);
  • o Plano Cruzado e a discussão entre os Ministérios da Fazenda e do Planejamento em manter o congelamento ou flexibilizar a estrutura de preços;
  • a desassonalização (expurgos nos índices de preços) e a renúncia de Edmar Lisboa Bacha à presidência do IBGE;
  • nomeação para presidente com o objetivo principal de despolitizar o IBGE e aprofundar suas relações com o meio político, empresarial, a comunidade científica e acadêmica;
  • prioridades da sua gestão: 1- aprofundar a reforma administrativa, 2- despolitizar os índices de preços, 3- recompor a estrutura salarial, 4- manter o processo de enxugamento do quadro;
  • as pressões sobre a Instituição em função da política clientelista;
  • efeitos da inflação sobre a recomposição da estrutura salarial do IBGE;
  • as críticas do Ministério da Fazenda aos índices de preços;
  • criação do Conselho das Chefias Intermediárias;
  • reestruturação do Órgão: 1- concurso público e estrutura salarial, 2- ampliação do trabalho sobre os indicadores sociais, 3- descentralização das áreas de informática e administração, 4- o IBGE como banco de dados oficial da nação;
  • o Centro de Processamento de Dados e a introdução da cultura da microinformática;
  • limitações para as transformações e intensificação das atividades técnicas em razão da politização da vida nacional e das dificuldades do governo José Sarney em administrar as questões salariais;
  • o Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) e a ideia de que os dados produzidos pelo IBGE pertencem à nação e à sociedade;
  • o significado da transformação da Diretoria de Administração em Superintendência;
  • a área de geociências e a concepção de que a estatística georreferenciada seria o caminho para o futuro das estatísticas;
  • a incorporação do Radar na Amazônia (RADAMBRASIL) e o tratamento dado a lei de royalties do petróleo;
  • o Sistema Estatístico Nacional (SEN);
  • a concepção de índice cheio e restrito (expurgos) na retomada da pressão do Ministério da Fazenda sobre o IBGE durante os planos cruzados;
  • a inflação como um mecanismo gerador de renda;
  • a visibilidade do IBGE, na década de 1980, em função da inflação como um fenômeno diário;
  • as greves no final da década de 1980 no serviço público: 1- a escalada do movimento sindical, 2- a posição dos ministros da Fazenda e do Planejamento, 3- o papel desempenhado pelo chefe do Serviço Nacional de Informações e pelo vice-presidente da República, 4- o desfecho da greve no IBGE com intervenção federal e as demissões de sindicalistas;
  • o tratamento dado ao presidente demitido;
  • autonomia técnica segundo a concepção de Estado e de modelo de gestão pública;
  • os condicionamentos da autonomia técnica a seus aspectos políticos, legais e orçamentários;
  • a determinação de que o IBGE deveria submeter ao ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão as informações produzidas antes de divulgá-las a sociedade;
  • a concepção de Estado e de modelo de gestão pública;
  • a utilização do aparelho de Estado pelo poder político constituído;
  • a perda de qualidade do serviço público não só pelo uso dos cargos como moeda política, mas também pelas mudanças ocorridas a partir do governo Fernando Collor de Melo (1990-1992);
  • Estado, governo, autonomia e estabilidade dos órgãos públicos;
  • o Partido dos Trabalhadores enquanto composição, projeto de poder, projeto de governo e gestão pública;
  • agências reguladoras e terceirização;
  • o lugar do IBGE e do IPEA em relação às políticas públicas e ao papel estratégico do Estado;
  • o Estado nos governos Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva;
  • o Estado como tema da campanha eleitoral 2006 para presidente;
  • o IBGE como instituição de pesquisa;
  • o acesso democrático aos dados produzidos pelos órgãos públicos;
  • a mística ibgeana;
  • a transitoriedade dos problemas políticos em relação às estatísticas nacionais;
  • o IBGE como um órgão de governo e de Estado;
  • reavaliação da demissão do cargo de presidente;
  • as questões dos órgãos públicos de pesquisa: 1- renovação e qualificação de quadros, 2- aprofundamento da microinformática, 3- equilíbrio entre o programa de trabalho e os projetos de pesquisadores independentes ou de grupos de pesquisadores associados;
  • o lugar e o papel de quem dirige o IBGE enquanto autoridade da República;