Edgar Kuhlmann (1920-2015), nasceu na cidade de Santa Bárbara (MG), em 20 de novembro de 1920. Geógrafo, ingressou no IBGE em 1942 por indicação do professor francês Francis Ruellan. Um dos pioneiros das pesquisas de campo do IBGE, Kuhlmann desenvolve, juntamente com Alfredo Porto Domingues, os primeiros estudos de Biogeografia na Instituição. Em 1956, convidado pelo biogeógrafo canadense Pierre Dansereau, viajou para o Canadá, onde permaneceu por dois anos estudando História Natural. Participou ainda de várias excursões com o geógrafo alemão Leo Waibel. Teve a oportunidade de lecionar no primeiro curso de Biogeografia no Brasil, oferecido pela Universidade do Estado de São Paulo. Em 1974, a convite de Marília Veloso Galvão, tomou parte na elaboração dos primeiros atlas geográficos patrocinados pelo Ministério da Educação, dos mapas gerais do Acre e do Maranhão, e dos mapas de geografia física e geologia do Brasil. Durante a gestão de Isaac Kerstenetzky (1970-1979), contribuiu efetivamente nos levantamentos liderados por Orlando Valverde, da fauna e flora, tendo em vista a criação da Reserva Ecológica do Roncador, em Brasília.
Ficha técnica
Nome: Edgar Kuhlmann
Área de Atividade: biogeografia
Depoimento realizado no contexto do Projeto de História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o processo de formação e evolução do IBGE.
Data: 26/08/2002
Local da gravação: IBGE/CDDI - Rio de Janeiro ( RJ)
Duração: 90 minutos
Dados biográficos
Nome completo: Edgar Kuhlmann
Nascimento: Santa Bárbara (MG) - 20/11/1920
Data de entrada no IBGE: 1942
Data de saída ou aposentadoria: 1985
Formação ou cargo: geografia; história natural
Principais atividades: biogeógrafo (1942/1960; 1974/1985)
Assuntos
- biogeografia;
- meio ambiente;
- geografia física;
- geografia quantitativa;
- pensamento geográfico francês;
- pensamento geográfico alemão;
- estatísticas ambientais;
- Reserva Ecológica do IBGE (RECOR);
- nova capital federal.
Sumário
- A escolaridade em Paraíba do Sul (RJ), a passagem para a Igreja Metodista e o Instituto Grambery em Juiz de Fora;
- as influências sofridas no Instituto Grambery;
- o ingresso na Faculdade Nacional de Filosofia e o convívio acadêmico;
- o reencontro no Conselho Nacional de Geografia com Antônio Teixeira Guerra, Dora de Amarante Romariz, Lysia Bernardes, Nilo Bernardes e Elza Keller;
- a Segunda Guerra Mundial e a convocação em 1939 para o Primeiro Batalhão de Caçadores em Petrópolis;
- a contribuição de Dora de Amarante Romariz para sua formação durante a guerra;
- o término do serviço militar, a volta para o Rio de Janeiro e o trabalho no Instituto Central do Povo, de orientação metodista, localizado no Morro da Providência;
- o ingresso no IBGE a convite do geógrafo e professor francês Francis Ruellan;
- a relevância da contribuição de Fancis Ruellan e Pierre Deffontaines para o IBGE, o meio acadêmico e a formação dos quadros técnicos na fase de estruturação da geografia no Brasil;
- a importância do papel desempenhado por Christovam Leite de Castro e Fábio de Macedo Soares para o avanço da geografia no Brasil;
- o trabalho desenvolvido no IBGE pelos geógrafos Lúcio de Castro Soares, José Veríssimo da Costa Pereira e Lindalvo Bezerra dos Santos;
- São Paulo como referencial no estudo da geografia e a relevância das atividades da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB);
- Francis Ruellan, a sistematização e o avanço dos trabalhos de campo em geografia física realizados pelo IBGE;
- o pioneirismo de Edgar Kuhlmann e Alfredo Porto Domingues nas pesquisas de campo e na área da biogeografia;
- os cursos realizados por geógrafos do IBGE nos Estados Unidos;
- os “tijolões de geografia” (publicações sobre as regiões brasileiras);
- o trabalho do geógrafo americano Clarence Field Jones no IBGE;
- as atividades desenvolvidas pelo geógrafo Leo Waibel, escola alemã, na Universidade de Wisconsin e no IBGE;
- o relacionamento de Leo Waibel com os geógrafos Orlando Valverde, Nilo Bernardes, Walter Egler, Speridião Faissol e sua contribuição para o avanço dos estudos de análise regional e agrária no Brasil;
- a contribuição de Francis Ruellan, Leo Waibel, Orlando Valverde, Antônio Teixeira Guerra, José Veríssimo da Costa Pereira, Fábio de Macedo Soares, Speridião Faissol, Pedro Geiger e Marília Galvão para o trabalho geográfico de campo no Brasil na década de 1940;
- os impactos provocados pela implantação da geografia quantitativa nos anos 70;
- o papel do IBGE no avanço da geografia no Brasil na década de 50;
- a importância de Francis Ruellan e Pierre Dansereau para o avanço da biogeografia no Brasil e os trabalhos de Edgar Kuhlmann e Dora de Amarante Romariz na década de 1950;
- o papel desempenhado por geógrafos americanos na produção e difusão da geografia quantitativa;
- o avanço da geografia quantitativa no IBGE e a discussão sobre seus efeitos na área da geografia física, principalmente nas pesquisas de campo;
- a geografia quantitativa, a absorção do RADAMBRASIL e a reestruturação da geografia no IBGE;
- os estudos de história natural no Canadá a convite de Pierre Dansereau, a publicação de artigos na Revista Brasileira de Geografia e no Boletim Geográfico;
- o primeiro curso ministrado na Universidade de São Paulo sobre biogeografia a convite de Aroldo de Azevedo;
- o desligamento do IBGE em 1960 e o trabalho como professor e diretor do Instituto Central do Povo;
- o retorno ao IBGE em 1974 a convite de Marília Veloso Galvão e a elaboração dos primeiros atlas geográficos patrocinados pelo MEC;
- a participação na elaboração dos mapas gerais do Acre, Maranhão e mapas de geografia física e geologia do Brasil;
- o trabalho de levantamento da fauna e flora realizado com Orlando Valverde para a criação da Reserva Ecológica do Roncador, em Brasília, na gestão de Isaac Kerstenetzky (1970/1979);
- o trabalho desenvolvido na Superintendência de Recursos Naturais e Meio Ambiente na segunda metade da década de 1970;
- a aposentadoria, a criação da Associação de Moradores da Serrinha do Alambari (Resende), e as atividades na área de proteção ambiental a partir da segunda metade da década de 1980;
- a relevância técnica da contribuição do IBGE na delimitação da área para instalação da nova capital (Brasília);
- os estudos apresentados pelo IBGE, o artigo de Fábio de Macedo Soares publicado na Revista Brasileira de Geografia e a decisão política entre o Triângulo Mineiro e áreas de Goiás para instalação da nova capital;
- a influência da escola francesa na estruturação da geografia no Brasil e o papel desempenhado pelos geógrafos da Universidade de São Paulo, da Faculdade Nacional de Filosofia e do IBGE;
- os geógrafos do IBGE e o primeiro curso de biogeografia ministrado por Edgar Kuhlmann na UERJ na década de 1950;
- a cartografia como elemento de ligação e a posterior integração do Conselho Nacional de Geografia e do Conselho Nacional de Estatística na década de 1970;
- o crescimento da estatística no IBGE;
- a ênfase dada a geografia, principalmente a biogeografia, com a incorporação do RADAMBRASIL;
- o IBGE na mídia e a secundarização da geografia em relação à estatística;
- a concepção do conhecimento geográfico como condição para a compreensão do meio ambiente e a elaboração de estatísticas ambientais;
- alguns aspectos da questão ambiental, do IBGE e do Instituto Central do Povo durante o período getulista; as ações repressivas durante os governos militares na área da educação, principalmente no Instituto Central do Povo e no Colégio Benett;
- considerações sobre a questão ambiental e o futuro do ser humano.