Waldemar Freire Lopes

Waldemar Freire Lopes (1911-2006), nasceu em 01 de fevereiro de 1911 em São Benedito do Sul (PE). Jornalista, desde muito jovem colaborou em jornais e revistas de Pernambuco e estados vizinhos. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, ingressando no IBGE em 1938, onde permaneceu até 1967. Ocupou vários cargos na alta direção do Instituto, entre os quais os de Secretario-Geral do Conselho Nacional de Estatística (CNE) e Diretor do Serviço Nacional de Recenseamento (SNR). Identificado com as ideias de Mário Augusto Teixeira de Freitas teve oportunidade de se tornar um dos seus mais próximos colaboradores na consolidação do IBGE. Serviu à Organização dos Estados Americanos (OEA) no período entre 1954 e 1976 e representou o Brasil no Committee on Improvment of National Statistics (USA). Detentor de distinções honoríficas e prêmios literários no campo da poesia, por ato do Governo de Pernambuco seu nome figura entre os agraciados com a Ordem do Mérito dos Guararapes, no grau de comendador. Faleceu em Recife (PE) no dia 21 de outubro de 2006.

 

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Ficha técnica

Nome: Waldemar Freire Lopes

Área de Atividade: jornalismo; gestão pública; direito internacional público; literatura

Depoimento realizado no contexto do Projeto de História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o processo de formação e evolução do IBGE.

Data:13/12/2004

Local da gravação: residência do entrevistado - Recife (PE)

Duração: 79 minutos

Dados biográficos

Nome completo: Waldemar Freire Lopes

Nascimento: São Benedito do Sul (PE) - 01/02/1911

Falecimento: Recife (PE) - 21/10/2006

Data de entrada no IBGE: 1938

Data de saída ou aposentadoria: 1967 (saída)

Formação ou cargo: jornalismo; administração pública

Principais atividades: diretor da Secretaria-Geral do IBGE; secretário-geral do Conselho Nacional de Estatística; diretor do Serviço Nacional de Recenseamento; membro da Comissão Censitária Nacional

 

Assuntos

  • Estado Novo (1937-1945);
  • Mário Augusto Teixeira de Freitas;
  • mística ibgeana;
  • estatística;
  • autonomia técnica;
  • Convênios Nacionais de Estatística Municipal;
  • rede de coleta;
  • crise da estatística 1952;
  • Ruben da Silva Gueiros;
  • gestão pública;
  • Conselho Nacional de Estatística (CNE).

Sumário

  • O constrangimento em narrar as memórias de sua passagem pelo IBGE;
  • a origem rural dos Freire Lopes:
  • a família Freire, fixada em engenhos de açúcar no Estado de Pernambuco e, os Lopes, considerados como um dos maiores latifundiários na área de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE);
  • detalhamento da constituição familiar;
  • os estudos do curso primário com professora particular no “Engenho Novo Horizonte”;
  • a campanha da comunidade rural para a criação da primeira escola em São Benedito do Sul;
  • a complementação escolar por meio do método de ensino à distância;
  • a criação de um jornal em sua cidade;
  • o casamento e a proposta de orientar a educação dos filhos e afilhados do sogro;
  • os editoriais para o “Jornal do Commercio”, a imposição de Caio Pereira, secretário do Jornal, para tornar-se funcionário efetivo e a permanência por oito anos como colaborador nos editoriais;
  • o vínculo com a Sociedade dos Amigos de Alberto Torres e o convite para assumir o cargo de assessor de diretor da secretaria-geral da Sociedade;
  • o golpe de estado em 1937, a nomeação de Etelvino Lins para a Secretaria de Segurança e a censura à imprensa;
  • o compromisso com Francisco Pessoa de Queiroz e, após, a transferência para o Rio de Janeiro;
  • o encontro com Mário Augusto Teixeira de Freitas e a satisfação de constatar a coincidência do ideário de Teixeira de Freitas com o que havia pregado Alberto Torres;
  • o cargo de assistente de diretor da Secretaria-geral do Conselho Nacional de Estatística (CNE);
  • a atribuição de redigir, na área do IBGE, os discursos do presidente Getúlio Vargas;
  • o encantamento com o idealismo de Teixeira de Freitas;
  • a realidade da expressão “mística ibgeana” cunhada por Teixeira de Freitas:
  • o IBGE como repartição pública onde os funcionários lutavam em favor dos outros;
  • a implantação do sistema de cooperação inter-administrativa e a reação das figuras-chave nos serviços estatísticos estaduais;
  • a ação intelectual de Teixeira de Freitas e a adesão dos estados e municípios ao sistema federativo;
  • a homenagem dos representantes dos estados e municípios na casa onde hoje está instalado o Museu Teixeira de Freitas: “Aqui nasceu um santo que foi sábio”;
  • a negativa de Teixeira de Freitas aos convites para ocupar diferentes cargos no governo federal e a dedicação total aos trabalhos discretos e anônimos na estatística brasileira;
  • Teixeira de Freitas e a formação de uma elite intelectual no IBGE dos primeiros anos;
  • a aposentadoria de Teixeira de Freitas;
  • a proposta de pessoas da alta direção do governo federal e a recusa de Teixeira de Freitas em aceitar a presidência do IBGE;
  • o convite para ocupar o cargo de Secretário-geral do CNE formalizado pelo presidente do IBGE, General Polli Coelho, e a posterior nomeação;
  • a administração do General Djalma Polli Coelho e sua posição contrária ao “espírito” do IBGE;
  • as críticas improcedentes sobre o atraso no lançamento dos resultados do Recenseamento de 1940 publicadas por Otto Maria Carpeaux no “Correio da Manhã”;
  • a carta do presidente do IBGE, também publicada no jornal, apoiando as críticas de Carpeaux;
  • a pressão dos funcionários da casa liderados pelo Diretor do Serviço de Recenseamento no sentido de responder às críticas;
  • o discurso de resposta;
  • o pedido de exoneração do cargo de secretário-geral e a circular enviada a todos os estados comunicando seu afastamento do Conselho;
  • o apoio de funcionários que entregaram cargos de chefia em todos os estados do Brasil;
  • o sentimento de traição por parte de alguns colegas;
  • a carta do General Polli Coelho enviada ao presidente da república;
  • a matéria paga pelos funcionários do IBGE publicada no “Diário de Notícias” com o título “O presidente do IBGE mente ao Sr. Presidente da República”;
  • a morte de Polli Coelho três dias após a publicação da matéria paga;
  • o retorno de José Carlos de Macedo Soares como presidente do IBGE no governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira: “O Café (Café Filho) me deixou muitos problemas, mas em relação ao IBGE e ao Itamaraty me deixou a solução – Macedo Soares”;
  • a fidelidade aos ideais de Teixeira de Freitas e aos objetivos do IBGE;
  • a satisfação de presenciar o prestígio do IBGE no Brasil e a felicidade de ter pertencido ao quadro de funcionários da instituição;
  • a criação do IBGE e o objetivo de reverter a situação de ignorância em relação aos problemas que o Brasil vivia, o que levou Teixeira de Freitas a cunhar a frase bastante significativa: “Faça o Brasil a estatística que deve ter e a estatística fará o Brasil como deve ser”;
  • a missão do IBGE: oferecer ao país as estatísticas de que precisava para conhecer bem os seus problemas e dessa maneira fazer o Brasil acontecer;
  • a ação de Ruben Gueiros e sua sabedoria para contatos com os estados e municípios;
  • o prestígio do Instituto com o Presidente Getúlio Vargas ao instalar o IBGE no Palácio do Catete e nomear presidente o embaixador José Carlos de Macedo Soares, Ministro das Relações Exteriores: “Prezo esta Instituição, que lhe cedi minha casa e meu ministro”;
  • a Escola Superior de Guerra (ESG) e o contato com pessoas do meio militar;
  • mensagem aos funcionários: “continuamos a ter na diretriz de Teixeira de Freitas a maior e pura orientação, servindo não só ao Brasil, não só ao IBGE, mas ao Brasil como um todo - ele foi um mestre de patriotismo, professor de sabedoria, um homem com feitio moral que engrandece a humanidade.”