Sérgio Besserman Vianna (1957- ), nasceu no dia 08 de outubro de 1957 na cidade do Rio de Janeiro. Economista, mestre e doutor nesta área de conhecimento, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Sob influência familiar, sua orientação política desde cedo se manifesta, desenvolvendo-se ao lado da formação acadêmica, ambas marcando sua trajetória de vida. Ao ganhar o Prêmio BNDES de 1987, torna-se funcionário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde constrói carreira. Presidente do IBGE entre 1999 e 2003, período que assinala a continuidade do processo de democratização na sociedade brasileira e predomínio de política neoliberal no mundo, registra estratégias significativas no órgão, identificadas na qualidade dos produtos oferecidos, maior divulgação das informações produzidas, aplicação da microinformática à estatística e mudanças de metodologia em pesquisas. Ainda em sua administração, teve início o embargo para a divulgação das pesquisas, a expansão dos estudos ambientais e das tecnologias de geoprocessamento e georreferenciamento.
Ficha técnica
Nome: Sérgio Besserman Vianna
Área de Atividade: economia, gestão pública, professor
Depoimento realizado no contexto do Projeto de História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o processo de formação e evolução do IBGE.
Data: 17/09/2003
Local da gravação: IBGE/CDDI - Rio de Janeiro (RJ)
Duração: 133 min
Dados biográficos
Nome completo: Sérgio Besserman Vianna
Nascimento: Rio de Janeiro (RJ) - 08/10/1957
Data de entrada no IBGE: janeiro 1999
Data de saída ou aposentadoria: janeiro 2003 (saída)
Formação ou cargo: Graduação e Pós-Graduação em Economia
Principais atividades: Presidente do IBGE, economista do BNDES e professor da PUC-Rio
Assuntos
- Censo cadastro;
- estatísticas conjunturais;
- mudanças de metodologia;
- estatísticas ambientais;
- bancos de dados;
- Banco Multidimensional de Estatísticas (BME);
- Sistema Estatístico Nacional (SEN);
- neoliberalismo;
- Pesquisa Mensal de Emprego (PME);
- disseminação de informações;
- capacitação profissional;
- cursos de pós-graduação;
- Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE);
- gestão de recursos humanos;
- contratação de pessoal temporário;
- Associação dos Servidores do IBGE (ASSIBGE);
- Sociedade Ibgeana de Assistência e Seguridade (SIAS);
- greve;
- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD);
- governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003);
- governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011);
Sumário
- o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a influência dos professores de geografia e a descoberta do IBGE ainda na infância;
- os pais, o cirurgião Luís Vianna e a psicanalista Helena Besserman Vianna;
- a impotância das reuniões organizadas por seus pais com intelectuais do Partido Comunista Brasileiro para sua formação;
- graduação e pós-graduação em economia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio);
- a carreira como professor de economia e o ingresso no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 1996;
- o pedido pessoal ao Presidente da República Fernando Henrique Cardoso para ser presidente do IBGE;
- montagem do cadastro de empresas viabilizando uma página amostral adequada sem a necessidade de censos econômicos;
- modernização das pesquisas conjunturais;
- o Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) e a qualidade do produto final entregue à sociedade;
- falta de aplicação de recursos na cartografia e a dificuldade em convencer o governo federal de investir na área;
- mudança na relação IBGE e seus clientes habituais: governo federal, governos estaduais e municipais, academia, empresas de consultoria ou usuários diretos;
- demandas da sociedade brasileira e dos governos, agora, monitorados por uma sociedade em processo de construção da democracia;
- o esforço da Coordenadoria de Comunicação Social do IBGE (CCS) no sentido de que a mídia noticie, e de maneira correta, as informações produzidas;
- concursos públicos realizados na sua gestão;
- contribuição da microinformática no aumento da produtividade - cada técnico tem seu microcomputador;
- o inter-relacionamento entre a geografia, as novas tecnologias de geoprocessamento e o interesse internacional pelo meio ambiente;
- o sucesso na produção de estatísticas ambientais;
- a revolução tecnológica e a possibilidade de se desenvolver bancos de dados georreferenciados;
- o Banco Multidimensional de Estatísticas (BME), que permite ao usuário definir seus cruzamentos e montar suas tabelas;
- o Sistema Estatístico Nacional e a necessidade de produção de informações em recortes territoriais menores;
- o IBGE como coordenador do Sistema Estatístico Nacional;
- aumento da produtividade e a revolução tecnológica, exigindo maior cooperação das várias áreas que produzem informações no IBGE;
- a inexistência de um levantamento estatístico para o semi-árido nordestino, à exemplo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), como forma de subsidiar o combate à fome e à pobreza;
- desigualdade regional;
- projeto-piloto para o Sistema Estatístico Nacional construído por Eduardo Nunes;
- a necessidade de atualização da lei que rege o Sistema Estatístico Nacional e o efetivo papel coordenador do IBGE;
- o Palácio do Planalto, o professor Vilmar Caría e o total apoio aos trabalhos do IBGE desenvolvidos de acordo com as melhores práticas estatísticas;
- a heterogeneidade do governo Fernando Henrique Cardoso e a incompreensão, por muitos ministros, do que significa melhores práticas estatísticas;
- portaria do Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Martus Tavares, alterando a entrega dos resultados das pesquisas aos ministros de 24 para 2 horas antes da divulgação pelo IBGE;
- questões salariais no órgão;
- cursos de capacitação profissional e programas de pós-graduação oferecidos pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE);
- gestão de recursos humanos e rodízio de funcionários nas várias gerências de cada diretoria;
- processo de renovação do corpo gerencial em curto prazo;
- a questão do uso da experiência de institutos internacionais de estatística;
- participação dos técnicos do IBGE em eventos com o objetivo de interagir com o mundo e o processo de avanço do conhecimento;
- metas inflacionárias estabelecidas, decisão equivocada de utilização do Índice Geral de Preços (IGP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e opção final pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA);
- o conhecimento pelos estatísticos dos softwares e sistemas mais adequados à profissão;
- a dialética da Diretoria de Informática (DI): não se prender ao domínio do mainframe, mas manter a visão de conjunto da instituição;
- a DI como gestora de contratos e os poucos recursos para a efetiva contratação com as empresas;
- o Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) como interface entre o IBGE e a sociedade;
- aplicação no Instituto Pereira Passos a experiência do CDDI na área de estatística e informação;
- estado mínimo e o neoliberalismo;
- IBGE e a captação de suas próprias receitas;
- a necessidade do governo garantir os recursos orçamentários ao IBGE como forma de assegurar a independência, autonomia e as prioridades definidas no programa de trabalho norteadas única e exclusivamente pela missão institucional "Retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania";
- a contratação de pessoal temporário para diversas funções, entre elas as várias pesquisas de campo e de pessoal de nível médio nos Estados;
- a ampliação do desenho amostral da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a abrangência estendida ao país e aos estados da federação;
- comentários sobre a possibilidade de se realizar mensalmente a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD);
- a Sociedade Ibgeana de Assistência e Seguridade (SIAS), objetivo e reformulação do estatuto;
- a Associação dos Servidores do IBGE (ASSIBGE) e a necessidade de processo decisório significativo no âmbito da representação dos funcionários;
- regulamentação da lei sobre o direito de greve do servidor público: trabalhadores em função de estado podem exercer, como a Constituição garante, seu direito de greve sem, no entanto, afetar a produção;
- participação na política do país;
- ingresso no Partido Comunista Brasileiro (PCB) aos 14 anos de idade;
- militância no Partido Popular Socialista (PPS);
- relação do presidente do IBGE com o universo político;
- comportamento dos políticos nos seus 4 anos na presidência da Instituição;
- a saída do IBGE;
- primeiro contato com o senador Aloizio Mercadante aos 14 anos;
- o equívoco do senador Mercadante em divulgar à imprensa o aumento da taxa de desemprego no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, sem considerar o atraso da reformulação da PME;
- os cuidados em se apurar a taxa média de desemprego nos últimos 12 meses do governo Fernando Henrique Cardoso;
- a impossibilidade em continuar como presidente;
- recomendações do IBGE em relação a taxa de desemprego a ser utilizada na campanha eleitoral: 1 - o censo demográfico não é recomendável, 2 - a PME é excelente, mas está em processo de reformulação, 3 - a PNAD é a mais indicada para a campanha eleitoral presidencial;
- a importância de deixar claro para a opinião pública que o IBGE como instituição federal está muito além da possibilidade de qualquer uso que não seja o derivado da sua missão;
- o que não foi possível fazer na sua gestão: 1 - conseguir recursos para a área de cartografia, 2 - obter recursos, meios e decisão política para transformar a PME em pesquisa nacional; 3 - reforçar a estrutura do IBGE em todo o Brasil e com isso acelerar o processo pelo qual a PNAD estará passando ao longo década de 2000, 4 - aumentar a cooperação entre as diversas áreas do IBGE, 5 - realizar um concurso para o nível médio;
- a emoção ao narrar a sensibilidade de Manoel Antônio Soares da Cunha que lhe presenteou com sua medalha conquistada pelos 25 anos de serviços prestados ao IBGE, ato simbólico em reconhecê-lo funcionário da casa;
- a doação da medalha à Memória Institucional, gesto que perpetua sua ligação com a comunidade ibgeana