Edmar Lisboa Bacha

Edmar Lisboa Bacha (1942-    ), bacharel em ciências econômicas (UFMG) e doutor em economia (Yale University - USA), distinguido por sua consistente formação acadêmica inovadora, direcionou seu interesse profissional para a docência superior, oportunidade em que conviveu com mestres ilustres da área de conhecimento de sua especialização. A carreira de professor se inicia na Fundação Getúlio Vargas (FGV), prossegue na Universidade de Brasília (UnB) e se amplia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde colabora na criação dos cursos de mestrado e doutorado em economia. Leciona em universidades americanas na categoria de professor visitante, atua no exterior em planejamento de governos, torna-se membro de instituições e comitês de expressão internacional. Economista de projeção, participa do período inaugural da Nova República e colabora nas proposições do Plano Cruzado. Indicado para a presidência do IBGE pela experiência advinda do seu conhecimento teórico e prático em economia, a que se vem acrescer a sua intimidade com a ciência estatística, dedica-se em sua gestão a implementar o amplo projeto de reforma administrativa. A criação do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) insere-se na proposta de tornar o IBGE mais ágil e com capacidade para atender às demandas da sociedade em processo de modernização. Os avanços propostos também alcançariam mudanças na produção das estatísticas com vistas a maior integração e rapidez entre a coleta e o produto final. As contas nacionais, até então divididas entre a Fundação Getúlio Vargas e o IBGE, são incorporadas em definitivo ao Instituto. Os índices de preços tornados oficiais deflagrariam polêmicas incontornáveis. Convergências de diretrizes em torno da autonomia técnica do IBGE e divergências metodológicas no tocante à produção de indicadores levaram-no a solicitar demissão do órgão que presidiu entre 1985 e 1986.

Saiba mais na Galeria de Presidentes do IBGE.

Se não conseguir visualizar o clipe da entrevista na janela abaixo, clique aqui.

Ficha técnica

Nome completo: Edmar Lisboa Bacha

Área de Atividade: presidência do IBGE

Depoimento realizado no contexto do Projeto de História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o processo de formação e evolução do IBGE.

Data: 13/07/2006

Local da gravação:IBGE/ CDDI – Rio de Janeiro (RJ)

Duração: 78 min

Dados biográficos

Nome completo: Edmar Lisboa Bacha

Nascimento: Lambari (MG) - 14/02/1942

Data de entrada no IBGE: 10/05/1985

Data de saída ou aposentadoria: 27/11/1986

Formação ou cargo: bacharel em economia (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG); doutor em economia (Yale University, USA)

Principais atividades: presidente do IBGE, professor de economia, consultor técnico, membro do Conselho Consultivo Internacional da Reitoria da Universidade de Yale;

Assuntos

  • Nova República;
  • clientelismo;
  • interferência política;
  • demissões;
  • índices de preços;
  • contas nacionais;
  • disseminação de informações;
  • democratização da informação;
  • Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI);
  • reforma administrativa;
  • Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE);
  • extinção do curso técnico da ENCE;
  • estrutura organizacional;
  • produção de estatísticas;
  • informação estatística;
  • informática;
  • gestão de recursos humanos;
  • gestão pública;
  • Plano Cruzado;
  • inflação;
  • relações institucionais;
  • Sistema Estatístico Nacional;
  • Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF);

Sumário

  • Origem social e formação;
  • o doutorado em economia na Universidade de Yale (USA);
  • o trabalho com o grupo do Instituto de Tecnologia de Massachussets para o governo chileno em 1968;
  • a experiência adquirida com Isaac Kerstenetzky e Mário Henrique Simonsen na Fundação Getúlio Vargas (FGV);
  • o ingresso no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a convite de João Paulo dos Reis Veloso;
  • a opção pelo curso de mestrado em economia na Universidade de Brasília (UnB), programa de pós-graduação não identificado com a política econômica da ditadura;
  • o reencontro com seus pares na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a criação dos cursos de mestrado e doutorado em economia;
  • o convite para lecionar na Universidade de Columbia (USA) como professor visitante;
  • a redemocratização e a volta ao Brasil;
  • a nomeação para a presidência do IBGE em 1985;
  • a nomeação dos chefes das unidades estaduais e a pressão política para lotear os cargos da Instituição;
  • as dificuldades enfrentadas em decorrência de reinvidicações dos funcionários demitidos, greves e grupos políticos de esquerda;
  • as tentativas junto à Marinha e o Exército para unificar o processo de mapeamento do Brasil;
  • os índices de preços e as contas nacionais;
  • a disseminação, a transparência e o acesso democrático às informações como razão para a criação do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI);
  • a resistência ao princípio da amostragem por parte dos funcionários mais antigos;
  • a proposta de transferência da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) para a área das universidades públicas federais e a extinção do seu curso técnico de 2º grau;
  • a readmissão dos servidores demitidos na gestão de Jessé Montello;
  • a criação da Revista Nova Imagem e seu objetivo de aproximar os funcionários, reforçando "a mística ibgeana";
  • o problema da estatística relativo a falta de agilidade entre a coleta e o produto final;
  • a modernização da área de informática;
  • os sistemas francês e americano na discussão sobre as contas nacionais;
  • a criação da publicação Estatísticas históricas do Brasil: séries econômicas, demográficas e sociais de 1550 a 1988;
  • a política de redução do quadro de funcionários;
  • a experiência com a gestão pública segundo o papel do Estado e a visão de mercado;
  • o duplo papel de presidente do IBGE e membro da equipe econômica da Nova República responsável pelo Plano Cruzado;
  • a formação e o papel da comissão externa como representação da sociedade no IBGE em relação ao índice oficial de inflação;
  • o imposto compulsório da gasolina, o índice de inflação "cheio e restrito" e o desgaste com os demais membros da equipe econômica da Nova República;
  • o pedido de demissão do cargo de presidente do IBGE com o Plano Cruzado II e as alterações proposta para o cálculo da inflação;
  • a experiência internacional com planos semelhantes ao Cruzado;
  • o arrocho salarial, a introdução do gatilho salarial e o fracasso do Plano Cruzado após as eleições;
  • posicionamento sobre a interferência política no IBGE durante o Plano Cruzado;
  • a citação, como exemplo político, da questão entre o ministro Antônio Delfim Neto e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) relativa aos índices de inflação;
  • reabordagem sobre o processo de enxugamento do quadro;
  • os critérios adotados para a implantação da reforma administrativa no IBGE;
  • a divulgação das informações produzidas pelo IBGE;
  • o papel do IBGE no Sistema Estatístico Nacional;
  • o Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF) como um exemplo contrário à produção de estatísticas modernas e ágeis;
  • o problema da estatística relativo a passagem do processo de produção à divulgação de informações;
  • a Exposição Comemorativa do Cinqüentenário do IBGE e o Projeto Memória;
  • o conteúdo e a disponibilidade do acervo particular relativo a sua gestão no IBGE durante a Nova República e o Plano Cruzado;