
Maria das Graças de Oliveira Nascimento (1948- ), nasceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 28 de abril de 1948. Ingressou na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) no curso ginasial, passou pelo técnico e graduou-se em Estatística (1971). Possui título de Mestre em Engenharia de Produção, pela COPPE-UFRJ. Estagiou no Departamento de Indústria e Comércio, da Superintendência de Estatísticas Primárias (SUESP) e, posteriormente, no Departamento de Geografia (DEGEO), onde teve a oportunidade de, ao lado de Speridião Faissol, participar do grupo de implantação da geografia quantitativa no IBGE. Em 1976, quando retorna do mestrado, vai para a assessoria da Superintendência de Estudos Geográficos e Socioeconômicos (SUEGE). Convidada por Marco Antônio Aguiar, transfere-se para a Divisão de Técnica de Levantamento (DITEL), da Diretoria Técnica, para coordenar o Projeto de Agregado de Setores, assumindo, logo depois, a chefia. Na Divisão de Apoio Operacional, divisão voltada para a rede de coleta, inicia seus primeiros estudos sobre a história da Casa. Convidada por Dilson Santana para trabalhar na Coordenação de Planejamento da Presidência da Instituição, participa do processo de descentralização que se iniciava no país. Nesse momento, desenvolve o projeto de criação, junto à Biblioteca Central (BICEN), de um núcleo de memória que se torna institucional com a Exposição Comemorativa do Cinquentenário. Aposentou-se como como professora do Departamento de Ciências Sociais da ENCE, em 1996.
Ficha técnica
Nome: Maria das Graças de Oliveira Nascimento
Área de Atividade: Estatística; Geografia; Memória institucional
Depoimento realizado no contexto do Projeto de História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o processo de formação e evolução do IBGE.
Data: 23/11/2004; 16/03/2005; 18/03/2005
Local da gravação: Auditório do CDDI
Duração: 355 min
Dados biográficos
Nome completo: Maria das Graças de Oliveira Nascimento
Nascimento: Rio de Janeiro (RJ) - 28/04/1948
Data de entrada no IBGE: 1972
Data de saída ou aposentadoria: 1996
Formação ou cargo: Estatística – ENCE (1971); Mestre em Engenharia de Produção - COPPE/UFRJ
Principais atividades: Assessora da Presidência do IBGE; Assessora da Superintendência de Estudos Geográficos e Socioeconômicos (SUEGE); Participou da organização da Exposição do Cinquentenário do IBGE e da implantação do Núcleo de Memória Institucional; Chefe do Departamento de Ciências Sociais da ENCE
Assuntos
- Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE);
- Revolução civil-militar de 1964;
- Speridião Faissol;
- Isaac Kerstenetzky;
- inovações tecnológicas;
- rede de coleta;
- interferência política;
- microdados;
- política institucional;
- estatísticas primárias;
- geografia quantitativa;
- geografia;
- estatística;
- bancos de dados;
- sigilo estatístico;
- Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF);
- mudanças de metodologia;
- pesquisa de campo;
- metodologia de pesquisa;
- regionalização;
- geografia regional;
- estatísticas derivadas;
- reforma administrativa;
- planejamento nacional;
- censos demográficos;
- mística ibgeana;
- mapeamento;
- Censo demográfico 1980;
- Projeto Isaac Kerstenetzky;
- Jessé de Souza Montello;
- memória institucional;
- Biblioteca Central (BICEN);
- Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI);
- Associação dos Servidores do IBGE (ASSIBGE);
- Nova República;
- Edmar Lisboa Bacha;
- Edson de Oliveira Nunes;
- credibilidade do IBGE
Sumário
- evolução na área de geografia e estatística (1972);
- ideia de "missão" na área de estatística;
- ingresso na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) aos 11 anos, a passagem pelo curso técnico e a graduação em estatística;
- contexto político-social de 1964;
- entrada para o diretório estudantil;
- movimento estudantil de 1968 na ENCE;
- rotina de estágio no IBGE e as funções realizadas;
- experiência profissional ao lado do geógrafo Speridião Faissol;
- nova concepção de produção das estatísticas nacionais criada por Isaac Kerstenetzky e as mudanças tecnológicas;
- rede de coleta;
- contribuição da estatística para a percepção da "realidade nacional";
- interferência política nos trabalhos do IBGE, ocorridas no contexto político da ditadura militar;
- Isaac Kerstenetzky;
- importância dos microdados para fins de planejamento nacional;
- informação privilegiada;
- visão social do IBGE no período da ditadura e a postura política da Instituição em relação a produção estatística nacional;
- análise dos resultados estatísticos e a "denúncia" das disparidades sociais no país;
- estágio na área das estatísticas primárias;
- transferência para a área da geografia;
- especialização em ciências sociais;
- implementação da geografia quantitativa;
- a Fundação IBGE;
- a Instituição como "verdadeiros olhos do Estado Novo" nos estados e municípios;
- qualificação dos geógrafos;
- implementação da informática e a contratação de profissionais da área;
- adoção de um sistema de segurança da documentação produzida na Casa;
- dificuldades de realização de alguns projetos;
- dificuldade de acesso ao banco de dados;
- sigilo da informação garantido pela constituição e a importância da ética na Instituição;
- produção de dados para atender a demanda da sociedade;
- os dados do IBGE e o livro "Crescimento e Pobreza em São Paulo";
- estratégias de marketing, controle na divulgação dos dados e a contradição demonstrada pelo Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF);
- mudança no método de trabalho da geografia – da pesquisa de campo para a geografia quantitativa;
- utilização de uma metodologia estatística;
- declínio do trabalho geográfico de campo na gestão Isaac;
- regionalização;
- embate entre estatística derivada e estatística primária (relação de poder e concepções distintas);
- processos de transformação da Instituição;
- mudança de padrão tecnológico na gestão Kerstenetzky e a informática proporcionando maior qualidade aos dados produzidos pela Instituição;
- informações agregadas, planejamento regional e planejamento local;
- papel estratégico do IBGE no modelo de 1964, reforçando a qualidade técnica da Instituição;
- produção de trabalhos e formas utilizadas para contornar a censura;
- diversos grupos políticos;
- transferência para a área de planejamento do censo demográfico;
- os microdados e a divulgação das informações;
- criação do projeto de análise estatística para fins de estudos espaciais;
- utilização dos métodos quantitativos na análise estatística;
- utilização do computador nos mapeamentos;
- processo de digitalização dos mapas e o sistema de georreferenciamento;
- integração da estatística, geografia e economia;
- preparação para o Censo demográfico 1980;
- o convite para coordenar o Projeto Agregado de Setores e o remanejamento do Projeto para a Superintendência de Estatísticas Primárias (SUESP);
- Projeto Isaac Kerstenetzky, a análise dos dados estatísticos e o salto qualitativo às demandas da sociedade;
- a forma como o IBGE conseguiu manter o corpo técnico durante o golpe de 1964;
- prioridades estatísticas do governo militar;
- gestão Jessé Montello, os privilégios da Superintendência de Estudos Geográficos (SUEGE) e a redefinição dos projetos;
- linhas de pesquisa propostas pelo Diretor Técnico, Marco Antônio de Souza Aguiar;
- crítica à geografia quantitativa;
- preparação dos mapas para o Censo demográfico 1980;
- o estudo da história da instituição e a configuração, na década de 1980, de um núcleo de memória dentro da Biblioteca Central (BICEN) com Beatriz Pontes de Carvalho, Laurinda Rosa Maciel e Icléia Thiesen;
- início do Centro de Documentação e Disseminação da Informações (CDDI);
- disputa entre a área de mapeamento dos setores censitários e a área de divisão territorial da biblioteca;
- restrição da liberdade de pensamento na SUEGE;
- avaliação de desempenho;
- Cinquentenário do IBGE;
- problema da isonomia salarial;
- questão da publicação científica institucional;
- perda de credibilidade do IBGE;
- criação da Associação dos Servidores do IBGE (ASSIBGE);
- construção da memória técnica do país e das instituições;
- perda de acervos;
- o IBGE na Nova República;
- indicações políticas;
- separação do corpo técnico do corpo de gabinete;
- relação com a comunidade de Mangueira;
- centralização x descentralização;
- municipalização;
- referências metodológicas na pesquisa sobre o tema memória;
- gestão Edmar Bacha;
- estado-mínimo e terceirização;
- transmissão de dados por telefone;
- gestão Edson Nunes;
- quebra dos feudos dentro do IBGE;
- a memória institucional no eixo da reforma administrativa;
- trabalho com linha de produtos no Projeto Memória;
- formalização do Projeto Memória;
- criação da figura do "Bartolomeu", retirado da fábula o sapo e o escorpião, como mascote do Projeto Memória.