Eurico Andrade Neves Borba

Eurico de Andrade Neves Borba (1940-    ), nasceu em Santa Maria, Rio Grande do Sul, no dia 13 de outubro de 1940. Bacharel em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde atuou sucessivamente, de 1966 a 1970, como professor, diretor do Departamento de Economia, vice-decano e decano interino do Centro de Ciências Sociais, e como vice-reitor. Iniciou sua vida profissional no Banco Lar Brasileiro (1963), chegando ao cargo de assistente da vice-presidência de planejamento (1963-1964). Foi diretor-geral da Escola de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda (1979-1980) e secretário-geral adjunto do Ministério da Educação (1985-1987), entre outras atividades. No IBGE, ocupou os cargos de chefe de gabinete da presidência (1970-1972) e diretor-geral (1973-1979) na administração de Isaac Kerstenetzky, e de presidente do IBGE (1992-1993). Teve efetiva participação no planejamento e realização do Censo demográfico 1970. Na sua gestão como presidente do IBGE, também, enfrentou dificuldades resultantes de um movimento sindical atuante e de um governo que negava grande parte de suas reivindicações. Conferencista sobre problemas econômicos e sociais, há mais de 20 anos vem escrevendo artigos para os principais jornais do Rio de Janeiro e Brasília. Eurico Borba atualmente reside em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

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Ficha técnica

Nome: Eurico de Andrade Neves Borba

Área de Atividade: Gestão pública, professor

Depoimento realizado no contexto do Projeto de História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o processo de formação e evolução do IBGE.

Data: 23/03/2012 e 13/04/2012

Local da gravação: SDI/UE/RS (vídeo conferência RS-RJ-MS)

Duração: 254 min

Dados biográficos

Nome completo: Eurico de Andrade Neves Borba

Nascimento: Santa Maria (RS) - 13/10/1940

Data de entrada no IBGE: 1º período: 1970; 2º período:26/03/1992

Data de saída ou aposentadoria: 1º período: 1979; 2º período: 15/06/1993

Formação ou cargo: Economia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Principais atividades: Professor da PUC-Rio; Chefe de gabinete da presidência (1970-1973); Diretor geral (1973-1979) e Presidente do IBGE (1992-1993)

Assuntos

  • mística ibgeana;
  • rede de coleta;
  • interferência política;
  • censos;
  • divisão territorial;
  • Francisco Cronje da Silveira;
  • geodésia;
  • greve;
  • Isaac Kerstenetzky;
  • relações institucionais;
  • inovações tecnológicas;
  • abertura política;
  • Censo demográfico 1970;
  • geografia física;
  • geografia quantitativa;
  • geografia urbana;
  • Sistema Estatístico Nacional (SEN);
  • Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF);
  • pesquisa de campo;
  • indicadores sociais;
  • militância política;
  • gestão pública;
  • geografia;
  • meio ambiente;
  • Assistente Pessoal Digital (PDA);

Sumário

  • família ibgeana;
  • o pioneirismo do IBGE como instituição que centraliza os estudos estatísticos e geocientíficos;
  • história institucional;
  • o trabalho dos agentes de coleta;
  • enfraquecimento do regime militar e da ideia do milagre brasileiro a partir do estudo feito pelo IBGE que mostrava problemas de distribuição de renda, emprego, qualificação da habitação, saneamento e educação no país;
  • discurso do Presidente Médici no aeroporto de Pernambuco: "O Brasil vai bem e o povo vai mal", e o Ministro da Fazenda, Delfim Neto, como "inimigo" do IBGE, prejudicando e impedindo a importação de computadores comprados da IBM para o Censo 1970;
  • processamento dos dados do Censo 1970 nos computadores da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio);
  • impressão e distribuição dos questionários do Censo 1970 para todo o Brasil;
  • dificuldades no retorno dos questionários preenchidos ao Rio de Janeiro para a apuração dos dados;
  • máquinas perfuradoras e verificadoras utilizadas no Censo 1970;
  • avanços tecnológicos com a introdução dos computadores de mão (assistentes pessoais digitais-PDAs);
  • competência e credibilidade do IBGE;
  • reunião com o Ministro Reis Veloso, onde participaram pelo IBGE Isaac Kerstenetzky, Eurico Borba e Speridião Faissol;
  • Speridião Faissol e Miguel Alves de Lima como representantes do IBGE na comissão interministerial que apresentaria a proposta de divisão do Estado do Mato Grosso;
  • microrregiões homogêneas (1971) e mesoregiões homogêneas (1973);
  • Ministro Reis Veloso, sua relação com o prof. Isaac e o atendimento as necessidades do IBGE;
  • aparelhamento da geodésia de campo para o mapeamento da região desde Corumbá, subindo até a fronteira com a Venezuela;
  • preocupação dos técnicos do IBGE com os temas importantes a serem investigados pelos censos e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD);
  • agente de coleta como "espinha dorsal" da instituição;
  • importância dos delegados Francisco Cronje da Silveira e João Otávio Felício;
  • construção do prédio da Unidade Estadual do RS em terreno doado pelo governo estadual;
  • problemas da falta de dinheiro para as despesas de rotina no IBGE nos anos 1991-1992;
  • greves na sua gestão e a ameaça do Ministério do Planejamento de transferir as pesquisas para outros institutos;
  • a experiência de conhecer todas as delegacias e 225 municípios do interior, na década de 1970;
  • saída da PUC, onde era professor assistente de Isaac Kerstenetzky, para o IBGE;
  • projeto da PUC sobre setores econômicos, financiado pelo BNDES, em parceria com universidades federais;
  • Serviço Nacional de Recenseamento;
  • o computador UNIVAC;
  • o clima de confiança no IBGE;
  • a não interferência política no período Isaac Kerstenetzky a frente do Instituto;
  • relação da cúpula institucional com instâncias superiores do governo federal durante a gestão Isaac;
  • receio das espionagens eletrônicas;
  • volta para a PUC no período de redemocratização do país;
  • o trabalho com Tancredo Neves;
  • rede de coleta: história e o sonho não realizado de uma agência em cada município, as dificuldades para treinamento e entrega dos questionários nas agências;
  • problemas de infraestrutura nas agências;
  • agentes de coleta e as "caronas" nos aviões do Correio Aéreo Nacional (FAB) para realizar o levantamento estatístico nos municípios mais distantes de Mato Grosso, Rondônia e Acre;
  • colaboração da Força Aérea Brasileira, do Serviço de Erradicação da Malária, do Serviço de Proteção ao Índio na distribuição do material de publicidade e coleta do censo de 1970 no centro-oeste e norte do Brasil;
  • reestruturação da rede de coleta, garantindo o dado de qualidade na fonte;
  • reformulação do regime trabalhista e contratação de novos técnicos pelo regime celetista;
  • disputa entre o IBGE e o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) para a análise dos dados;
  • Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), base para estabelecer o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice de Preços ao Consumidor por Atacado (IPCA), calculados pela Fundação Getúlio Vargas, mas que pela lei era atribuição do IBGE;
  • geografia nas décadas de 1940 até 1960, para efeitos de comparação;
  • acervo fotográfico das expedições geográficas;
  • geografia quantitativa e os estudos de geografia urbana;
  • microrregiões homogêneas, mesorregiões homogêneas e urbanização;
  • política de recursos humanos;
  • o Instituto Brasileiro de Informática (IBI), a ser criado na nova estrutura do IBGE;
  • a decisão do ministro Reis Veloso que o IBI ficaria com o IBGE e o problema de se conseguir as "grandes cabeças" da informática (1973);
  • compra de computadores pelo IBGE, do prédio do IBI em Mangueira e as exigências dos fabricantes que faziam parte da licitação, visando a segurança;
  • agências de coleta;
  • Sistema Estatístico Nacional (SEN);
  • os institutos de pesquisas e as dificuldades com alguns focos produtores de dados com interesses estatísticos, como por exemplo, o Banco Central e o Ministério da Educação;
  • dados estatísticos de interesse dos militares;
  • falta de unidade metodológica e de conceitos do Sistema Estatístico Nacional durante sua gestão em 1992-1993;
  • Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF): o trabalho do agente de coleta de dados, os cuidados no treinamento dos entrevistadores, as discussões sobre as diferenças de preços estudadas, algumas observações curiosas vistas no estudo, o impacto no contexto do "milagre econômico" brasileiro;
  • os técnicos da Food and Agriculture Organization (FAO), Patrick François e o François Sizarré que acompanharam os trabalhos do ENDEF e que tinham experiências semelhantes no norte da África e no Chile;
  • divulgação de resultados de pesquisas do IBGE durante o regime militar;
  • trajetória depois da saída do IBGE nos anos 1980;
  • militância no antigo MDB e participação no movimento estudantil;
  • colaboração para a eleição de Tancredo Neves;
  • a candidatura para deputado da Constituinte;
  • nomeação como presidente do IBGE;
  • problemas econômicos da sua gestão;
  • tentativa de fechar ou diminuir as funções do IBGE durante as greves no início dos anos 1990;
  • gestões posteriores a sua;
  • a reunião com o presidente Itamar Franco;
  • trabalho como Secretário Executivo das protetoras das escolas e universidades católicas no Brasil;
  • aposentadoria;
  • livros que escreveu;
  • visão do IBGE quando assumiu o cargo de presidente da instituição em 1992;
  • a negociação da inserção do IBGE nas carreiras de Estado;
  • altos e baixos da sua gestão como presidente;
  • greves prolongadas e as questões decorrentes dessas paralisações;
  • espirito ibegeano;
  • geografia no IBGE;
  • o Departamento de Recursos Naturais.